quarta-feira, dezembro 26, 2007

Que venha 2008







Quando caminhava em passos desajeitados, com tantos caninhos de soro e assemelhados para aquela sala fria e iluminada, meus pensamentos pareciam que trabalhavam, de certa forma, com interferência e pausas seguidas de flashs. Eram as imagens que corriam estranhamente em meus olhos. De forma gradual, travada do verbo devido a emoção, colhia as informações ditadas a mim por um grupo de homens e mulheres trajados da cor azul. Um a um se apresentava a mim explicando as suas funções e me abrandando com palavras de conforto e força. Estava frente a frente com aqueles seres de toucas, luvas, máscaras e sentindo, ao mesmo tempo, o gélido do ambiente. Algo especial estava para mudar a minha vida. Não ensaiei porém, me conduzia de forma enigmática à maca, movendo meu corpo orientado e hipnotizado pelas vozes dos que me rodeavam. Refletores, aparelhos de tudo que é tipo e um “buffet” de instrumentos cirúrgicos.
Era a hora; era o grande dia de conhecer o MEU FILHO JOÃO VICENTE.
Perdi a noção do tempo, o raciocínio de contabilizar os minutos que corriam num relógio bem próximo de mim. Uma das mulheres mascarada, num certo momento, falou:
“- Vou ajudar o Norberto! O João Vicente ta chegando. Ta encolhidinho feito uma conchinha de mar, mas ta chegando MÃEZINHA!”
Minhas pálpebras apenas concordaram os rituais de todas aquelas informações. Me sentia tranqüila, meio sonolenta, talvez devido a medicação e anestesia. Minutos depois, mais uma notícia:
“ – E ele é pequeno Fabiana!”
Absorvida a frase, meus olhos percorriam no imaginário do que tinha ouvido: “... e ele é pequeno”...
Em seguida, naquele silêncio, o primeiro som.
Era o primeiro choro que ouvia de meu filho.
Engraçado, eu sabia que não estava numa praia em plena virada de ano. No entanto, o Revellion-2007 iniciava naquela sala iluminada; naquela noite. A sensação de fogos de artifício, luzes, respirar o ar mais puro e, ter a certeza de que a presença de Deus estava ali, do meu lado, era algo surreal. A emoção é, sinceramente, indescritível.
Veio a tão sonhada apresentação de meu filho. Já de rosto virado para o lado direito, ansiava em vê-lo! Chegou, nos braços de minha prima Gisele, com 45cm e 2285kg, um pacotinho de Deus, nascido às 20h e 49min, do dia 23 de Abril de 2007. Dia de São Jorge, seu eterno protetor e guerreiro. Seus olhos já eram serenos e de uma observação ímpar em desbravar seu novo mundo. Foram segundos que ficamos estaqueados, nos olhando, que duram(e durarão) até hoje, na memória de meu coração. Foi a presença espiritual e carnal, o elo de Deus, o carma de mais um vida, o fruto de um verdadeiro amor, enfim, tudo isto e muito mais, se resumia naquele momento. Olhar para aqueles olhinhos de jabuticaba abertos, atentos e angelicais. Mãe e filho quer melhor presente para mim em 2007? Depois de tantas pedras em meu caminho encontrei o melhor da vida!
Me despeço de 2007 colhendo e sorvendo o mais especial deste dia que marcou a minha vida para sempre.
Hoje sei que o caminho foi designado, que aventuras inúmeras terei no trilhar de meu filho. Só peço a Deus a benção e a proteção.
Agradeço a todos amigos, colegas de trabalho, vizinhos e até aqueles estranhos que, sorrateiramente, me deram a força e a fé, em gestos, palavras e sinais. À minha família, que abraçou, sem pestanejar minhas derrotas, inseguranças e angústias. Nas empreitadas que trilhei, a todos estes, que convivem e conviveram comigo, o carinho e alegria que me deram nos momentos que mais precisei e que alegraram mais ainda este ano poderoso que foi 2007.
Que venha 2008 PARA TODOS NÓS, ABENÇOADO POR DEUS!
Com carinho, Fabiana e João Vicente!

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"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

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O que é a palavra por Fabrício Carpinejar:

" Intrigar, provocar, emocionar e não deixar que a palavra seja somente palavra. A palavra é muito ambiciosa, acredita que é mais importante do que aquilo que nomeia. A palavra serve ao poder quando é no despoder que abrimos a guarda. Exerce hipnose de dicionário e enreda poetas na metalinguagem. A palavra é a vaidade de dizer, mas só existe porque o silêncio ainda não é paz. Sou desconfiado com a palavra. Um poema se faz pela falta de palavras. Quanto mais próximos chegamos do toque, do afago, mais estaremos dizendo. "

“Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.
Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós; deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito, mas há os que não levam nada; há os que deixam muito, mas há os que não deixam nada.
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"Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te." Friedrich Nieztsche

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