quarta-feira, junho 02, 2010

Turma boa!

Fim de semana colorido.
Estas cores eram o amor, as crianças, reencontro de velhos amigos(de décadas inclusive), música boa - com repertório da melhor qualidade - e feijoada! Quer mais? Tinha! A sensação de paz... Vê se não tem coisa melhor que sair da cidade para sentir cheiro de mato, de terra molhada... enfim, de natureza!
E teve roda de samba também! Até tocar pandeiro fiz. Quanto tempo não fazia. Foi um bálsamo de alegria e paz!
Cá entre nós: Sítio, natureza, ar puro, nada de urbanidade ou código de barras, canto e encantos...
Valeu.
Eu precisava sair de cena. E levei comigo pessoas queridas e as crianças que tanto amo(irmãos do meu filho e o primo dele). Desculpem, mas isto que eu chamo de: TURMA BOA!
E para a minha surpresa, o amigo Aquino fez uma homenagem aos anfitriões do sítio: Janaína e Xexeu. Divido aqui, com vocês o relato grandioso do amigo Aquino:

“Pedacinho do Céu”


Dizem que o Céu tem as cores da nossa imaginação. Fechem os olhos por agora. Vou lhes falar de um pedacinho que bem poderia se chamar “Pedacinho do Céu”, como naquela música. E um Céu de verdade precisa ter muito espaço, muito verde. Porque nós, criaturas terrenas, vivemos oprimidos pelos exíguos espaços, físicos e d’alma, principalmente.
E como os Céus são a realização das utopias humanas, eles não têm limites. Pois deste Céu que lhes falo, chamado “Pedacinho do Céu”, há uma generosidade de espaço e de verde. À noite, ao se levantar a cabeça, tem-se a impressão de que se pode tocar o firmamento. É só erguer os braços. As estrelas ali descem. Cintilam bem em cima de nossas cabeças. Pode-se sentir a luz de seus brilhos.
Mas um Céu, para ser um Céu de verdade, precisa de um lago. Não um lago qualquer. Ele tem de ter trapiche, para que avancemos sobre a água. Tem de ter peixinhos. Visíveis sob uma água cristalina. Na sua margem sinuosa, um gramado verde, com patos e gansos passeando insolentes. Um vento manso e constante encrespa as águas, fazendo marolas que viajam de um lado ao outro. Se lhe sobrar tempo e ousadia, tire os calçados e afunde os pés nessas águas.
Mas um Céu, para ser um Céu de verdade, pede paz. E esse lugar de que lhes falo exala um bálsamo acolhedor. Como se qualquer um daqueles cantos fosse um pequeno altar. Pode ser diante de um enorme caldeirão de ferro, desses que a infância nos mostrou como sendo de bruxas, solto ao acaso em meio à grama verde. No seu interior, em vez de poções mágicas, flores coloridas. Ali pode ser um altar. Há também uma frondosa figueira. Ponha-se debaixo dela e deixe-se ser absorvido por sua energia. Um altar perfeito.
Mas um Céu, para ser um Céu de verdade, precisa de animais. E não precisa de muitos. Imagine um cachorro de grande porte. O seu tamanho exagerado, porém, em vez de assustar, transmite ternura. Até o mais medroso entre os medrosos vai lhe estender a mão, de imediato. Sente-se na grama ao lado dele. Em silêncio, que é o idioma das almas. Não busque explicação nos ruídos. O silêncio é que carrega as mensagens mais profundas. E esse grande cão mexe-se vagarosamente, silente. Não o silêncio sorrateiro dos falsos, mas o vagar da sabedoria, que a pressa não produz coisas duradouras.
Mas um Céu, para ser um Céu de verdade, precisa de gente. Imagine então um amplo espaço, uma grande sala, com jeito de cozinha, com jeito de sala de jantar, com jeito desses lugares em que se pode se esparramar em qualquer canto. Mais ao fundo, à direita de quem entra, uma cozinha. Jogue no ar um aroma de comida caseira. Pode ser uma feijoada. Barulho de copos, de talheres. Burburinho de casa com gente feliz. Ponha nessa grande sala várias mesas. Ao redor delas, amigos. Uma grande ceia. Ali, há os que vemos e os que não vemos. E todos comungam do alimento, energia da matéria. Comungam do canto, energia d’alma. Em dado momento, se abraçam, choram, falam das saudades, cantam, driblam as ausências que lhes cutucam a coração.
Eis aí um Céu de verdade, um “Pedacinho do Céu”.
Nela, moram Xexéu e Janaína. E nem são figuras mitológicas. São de carne e osso. E de grande coração. E de boas almas. São eles os responsáveis por este céu. Uma singela mostra de que os céus, mais do que de cores da imaginação, são feitos de gestos.
Luiz Fernando Aquino, 30 de maio de 2010, um dia depois de uma esplendorosa feijoada na casa de Xexéu e Janaina

LUIZ FERNANDO AQUINO
FocoNews - Editor

3 comentários:

Eduardo Montanari disse...

Que bom que você saiu, se divertiu, vejo que preza muito isso. Espero que ainda tenha mais muitos finais de semana como esse para colorir sua vida.

Petit Artiste disse...

Concordo contigo. Turma boa é turma que se diverte com coisas simples e carinho dos amigos. É a inocência das crianças. Bom feriado de corpus christi pra voce. Bia

Unknown disse...

Amo esse blog, fabi, hahahahah
João liiiiindo

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"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

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" Intrigar, provocar, emocionar e não deixar que a palavra seja somente palavra. A palavra é muito ambiciosa, acredita que é mais importante do que aquilo que nomeia. A palavra serve ao poder quando é no despoder que abrimos a guarda. Exerce hipnose de dicionário e enreda poetas na metalinguagem. A palavra é a vaidade de dizer, mas só existe porque o silêncio ainda não é paz. Sou desconfiado com a palavra. Um poema se faz pela falta de palavras. Quanto mais próximos chegamos do toque, do afago, mais estaremos dizendo. "

“Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.
Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós; deixa um pouco de si mesmo.
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Esta, é a maior responsabilidade de nossa vida e prova evidente de que duas almas não se encontram por caso” (A. de Saint-Exupéry)


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