PRENÚNCIO
"Eu não estranho que aqueles três dias tenham ficado em minha mente como se fossem o prenúncio de algo. É como se fossem os três primeiros dias de uma coisa maior, mas foram apenas.Volto pra casa ainda sem saber como tu tira tanta coisa da minha boca. Era pra sair só saliva, mas vem junto todo aquele sentimento, aquele xingamento, aquele não entendo. Num abraço me desarma e ninguém mais consegue isso – e nossas cabeças fazem que-não-que-não, mesmo que já não saibamos ao certo qual destino negamos. Então me olha e não se de onde tira esse olhar abraçado, que é bem mais que sexo, que foi bem mais que nós, que não diz três-dias. É um desses abraços de aeroportos, que a gente guarda em uma caixa no armário e tem pra sempre, mesmo que a pessoa se vá. E tu vai, como sempre vai, deixando só o eco infantil das tuas palavras.Eu gosto de ti – é, eu gosto de ti, repetindo assim, mais para si do que para mim, talvez por nunca haver pensado nisso antes e – pela estranheza causada – não pretender pensar nisso depois daquele momento. Se já o havia deletado do celular, não havia porque não deletá-lo de minha vida, tão pequeno, tão breve, tão cafajeste fora que eu queria mesmo acreditar que eram mentira aquelas palavras bonitas que esbarraram em mim. Quando tento entender, penso que talvez, nos relógios do universo, eu tenha me atrasado um pouco, ou andei demais na contramão. " - Mari Dutra - http://primeirafeira.blogspot.com/
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