domingo, janeiro 29, 2006

Praia do Rosa - Parte II







"Então"... como dizem os paulistas...
Vou relatar a segunda parte desta misteriosa e pitoresca viagem, de 1997, à Praia do Rosa/SC. Lembrando o início, acordávamos todos os dias com mugidos de bois, vacas, lembram?
"- Ah natureza pra cá; ah natureza pra lá ..."
No entanto, com o passar do tempo foram, realmente, incomodando os sons daquela região. Mas o pior estava por vir... ainda mais depois do que descobrimos...
Não tínhamos relógio para cronometrar o nosso dia-a-dia ! Acostumadas com a formalização dos modos urbanos, aquela preguiça praiana nos levava, homeopaticamente, a um espécie de afronta às regras civilizadas que tínhamos em Porto Alegre. Esta abdução de ponteiros, horas, minutos e segundos... fez com que perdêssemos, por total, o certo e o errado dos turnos. Não tínhamos noção de absolutamente nada nos horários!
O lema, que era para ser "dormir depois da meia-noite e acordar depois do meio-dia"...deu-se ao contrário. Dormíamos ‘com-como’ as galinhas e acordávamos com os galos e bois!
Era chegar o manto da noite que nossas pupilas dilatavam e o sono invadia nossos corpos. Ahhhh que preguiça....
Todo dia, ao amanhecer, fazíamos a procissão para chegar à praia. A caminhada era regada de muitas conversas e expectativas de se deparar com o mar inspirador e de areias limpas. A ida era puxada. Pernadas e mais pernadas, mato, mosquitos, sol forte e estradas de areia recortadas por erosões(aliás, boa pedida para virar e quebrar o tornozelo).
Tuudo por um objetivo: chegar a praia!
A chegada ao templo sagrado de Iemanjá era regida por um silêncio alegre. Enfim, um clima de paz e sossego. Pudera, né? Estávamos diante de um paraíso! Areias fofas...branquinhas... (ahhhh que saudade...)
"-Meu Deus", pensei! Era um lugar muito aprazível.
Já com as cadeiras, confortavelmente acomodadas, sentávamos feito ‘’budas’’ olhando fixamente ao horizonte do mar! Pensando...pensando ... silêncio... silêncio...(rs... fico uma doce louca sorrindo nesta tela, só lembrando dos episódios engraçadíssimos desta viagem). Que duplinha, hêim!?! Ambas apresentavam um senso cômico que provocava risadas até de nossos maus-humores.
Fechava o dia e lá vinha a lembrança de A-Z, com o deboche de nossos defeitos e qualidades. Rir... como ríamos... Alías sou uma guria alegre, que gosta de dar risadas trovejantes! E a Cassi era assim também! É terapia rir das próprias ‘tragédias"!
E, agora, vem o mais estranho de tudo.
Sempre ao anoitecer, iámos para a frente da casa...Tudo para curtir a brisa, as estrelas e tomar um chimarrão. À nossa frente, morros e mais morros, luzes e mais luzes. Eram sinais de vida. Casas, barracas...um vilarejo vivo! O resto? Nada de postes, iluminação urbana, calçamentos e bares. Na verdade, tudo era muito primitivo, simples.
E, na primeira noite, veio a surpresa:
Nos quatro costados daquela praia, havia uma espécie de "Brasiltelecom do Gogó"! Urros, grunhidos, berros, assovios, sons de passarinhos e muito grito "A la Tarzan e Jane", atravessavam, DO NADA, quebrando mais que a "barreira do som", uma espécie de comunicação de ete's.
Para entrar no clima, todos as noites participávamos das conversas extra-terrestres. Mãos alinhadas em forma de túnel na boca e lá íamos nós nos comunicarmos com eles:
"- arghhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii", berrava uma.
‘- uuuuuuuhhhhhhhhuuuuuuuuuuuuu! Iiiiiiiiiirrrraaaaaaaaaaaaaaaa! Uhhhhhuuuuuhuuuuuu", gritava a outra.
E foi assim... nossas noites. Depois sofríamos com a rouquidão matinal!(será que eram sinais de marcas dos etes? A garganta ficava destruída!!!!
Até hoje me pergunto a finalidade daqueles gritos.
Alguém sabe me explicar este tipo de expressão na calada da noite? Eu já tentei e não obtive respostas ....
Com os dias fomos conhecendo figuras estrambóticas! Uma delas é o guri, estilo Supla, que contarei no próximo e último capítulo desta viagem....

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"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

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" Intrigar, provocar, emocionar e não deixar que a palavra seja somente palavra. A palavra é muito ambiciosa, acredita que é mais importante do que aquilo que nomeia. A palavra serve ao poder quando é no despoder que abrimos a guarda. Exerce hipnose de dicionário e enreda poetas na metalinguagem. A palavra é a vaidade de dizer, mas só existe porque o silêncio ainda não é paz. Sou desconfiado com a palavra. Um poema se faz pela falta de palavras. Quanto mais próximos chegamos do toque, do afago, mais estaremos dizendo. "

“Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra.
Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós; deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito, mas há os que não levam nada; há os que deixam muito, mas há os que não deixam nada.
Esta, é a maior responsabilidade de nossa vida e prova evidente de que duas almas não se encontram por caso” (A. de Saint-Exupéry)


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