quarta-feira, junho 10, 2009

Relembrando... Carta ao meu filho



Resolvi 'repostar' este texto pois tem gente que disse que procurou, aqui no blog, e não achou. Como eu não tenho uma ferramenta de busca de textos, resolvi fazer isto. Atualizei o que escrevi num caderno de lembranças do meu Chá de Fraldas que fiz em abril de 2007. Relato, na capa deste caderno como meu filho veio ao mundo. Aliás, o caderninho com os lembretes, recordação de minha amigas que compartilharam do chá, sumiu. Gente...foi um tal de 'escreve aqui', 'deixa comigo que termino em casa' que, infelizmente, não sei mais com quem deixei ou onde parou. Uma pena...mas este texto está no meu coração.
Fiz para meu filho entender o porquê veio ao mundo.
E o mais louco foi que, quando escrevi este relato, previ o fim do meu relacionamento, pois desde o começo eu sabia que algo 'muito além da vã filosofia que existe entre a Terra e o Céu' tinha que acontecer. E aconteceu.
Escrevi com o coraçãode uma mulher enfim, de uma mãe...


Para você, meu filho...
Não importa se, no futuro, não terei um conto de fadas com o teu papai . Para mim, o que importa foi este histórico louco, do vai-vem de nossas vidas e que você, João Vicente, representa para mim.



JOÃO VICENTE



É meu filho! Chegou a hora de falar o que há muitos anos pulsa em mim.
Relatar - e confessar para ti - meu amado João Vicente, o quanto eu desejei a tua chegada em minha vida.
Tudo começou, lááááá na adolescência quando conheci uma linda menina de nome Sofia. Ali, conclui que queria um dia, ser mãe. Tinha apenas 17 anos. Idade precoce para idealizar a maternidade. Então, tua mãezinha foi se atarefando com outros quesitos da vida: Estudou muito, respeitou a sua família (seus avós e tios), fez muita festa e descobriu que amava a cultura africanista.
Praticou por sete anos a capoeira e, somado aos ritmos percussionistas, conheceu o samba. Se enfeitiçou de tal forma que, depois de graduada em Jornalismo resolveu mergulhar neste mundo do samba portoalegrense.
O ano? 1999.
Não sabia que, na terra dos pampas, existia uma comunidade com costumes e musicalidade do povo carioca. O Rio de Janeiro era, de certa forma, representado por tribos sambísticas daqui do Sul. Tudo aqui, na tua terra meu filho, Porto Alegre capital que nascestes! Então, meu amor, tua mãezinha era uma aficcionada pelas sons da percussão, mais precisamente, pelo pandeiro.
Foi aí que tua mamãe começou, homeopaticamente, a tocar e freqüentar, de modo maroto e sadio, as respeitosas rodas da velha guarda gaúcha.
Conheceu este mundo e não largou mais.
E veio o ano de 2000.
Era um ano que prometia várias mudanças sociais no país, meu filho enfim, no nosso Brasil. A sociedade-principalmente a carioca, queria dar um basta na violência das ruas. O povo pedia PAZ!!!
A noticia moveu todas as regiões do país.
E, no mês de julho, noticiou-se um movimento que pedia a paz. Aliado a estas notícias nacionais, neste mesmo mês de julho, a tua mãe prestigiou o aniversário de uma sambista muito pitoresca daqui, do Sul. Era o aniversário de sua amiga Anete, apelidada por tua mãezinha de “Porta-Voz do Samba”!
A data da festa?
Sete de julho de 2000.
Filho, era justamente no dia em que o Brasil inteiro se mobilizava para dar um basta na violência. O país pedia Paz, paz e mais paz... Todos os veículos de comunicação pediam naquela noite, que nós, brasileiros e brasileiras, nos vestíssemos de branco e acendendo uma vela branca nas janelas de nossas casas.
Era o protesto que pedia PAZ NO MUNDO!
Fatos e datas juntados à festa de aniversário deu nisto:
A maioria dos convidados presentes estavam de branco no bar!
O cenário ficou lindo.
O branco é a união de todas as cores! O branco é vida meu filho, é paz...
Tua mãezinha estava faceira com tantos amigos à sua volta. Cantava e dançava o melhor do samba.
E, num determinado momento da festa, quando a música do Jorge Aragão tocava, tua mãe deparou-se surpreendentemente com o teu pai.
Algo que nunca saberei te explicar, meu filho. A mamãe levou um susto, do nada, olhando para ele e ficou ali, no meio da pista, petrificada olhando para ele. Congelaram movimentos e ficamos naquele ambiente dançante: dois seres parados, apenas se olhando...enfim, se enamorando enquanto o povo dançava e cantava freneticamente. Enquanto isto eu de um lado e o papai de outro....
Estávamos estaqueados, imóveis.
Foi amor à primeira vista, meu filho. Ou algo que vai muito além de nossas teorias... de outras vidas...
Em seguida teu pai pediu para dançar.
Sem hesitar, dancei.
Conversas foram trocadas, e a paixão tomou conta.
Tua mãe e teu pai estavam, literalmente, envolvidos.
Veio o primeiro beijo e uma despedida que, nem eu nem teu pai saberíamos a verdade do que o destino nos reservava.
Era a despedida de que teríamos que aprender, e muito, com Deus.
Apareceram os encontros, os desencontros e a pausa do destino.
Cada um foi para o seu lado, na virada do ano novo; o ano de 2001. Ali houve uma pausa, do destino fazendo que, tanto a tua mãezinha e o teu pai seguissem caminhos diferentes.
Não era a nossa hora.
Depois de anos... um reencontro.
No começo achei que não era coisa do destino.
Que Deus já havia posto teu pai no meu caminho e que, naquele ano, não teria mais nada a tratar com ele.
Estava enganada.
Tua mãe não sabe explicar o porquê.
Mas relutou em dar continuidade àquela história de amor, que iniciou no dia da paz...
Nada na Vida acontece por acaso.
Nada se programa.
Somos pretensiosos em querer reger nossas vidas.
Esta é a lição que a tua mãezinha aprendeu.
Deus soube a hora certa, para declarar um marco na minha vida.
A “Mãe Natureza” também é sábia e não se engana!
Em 2006, entre acordes e melodias, entre beijos e loucuras veio a surpresa:
Tu estavas concebido e abençoado por Deus, no ventre da tua mãe.
Foi uma surpresa!
Tanto que a tua mãezinha se sentiu embriagada, confusa, com a notícia.
Ninguém decide nosso destino, meu filho!
Temos a benção dos anjos, o aval da natureza e o registro de que Deus(somente Deus!) sabe a exata hora de mudarmos nossas vidas.
Tu viestes para ficar, para me dar muito felicidade, João Vicente!
Viestes para preencher um vazio que cultivei desde a minha adolescência, ou melhor, desde quando brincava com minhas bonecas, ainda menina, desejando um dia, ser Mãe!
Hoje eu me orgulho, e muito, de ti, meu adorável filho!
És fruto de que nada é por acaso.
És a prova viva, que correrá pelos corredores de minha casa, de que um dia o amor existiu, de fato, na vida da tua mãe!
Te amo, meu filho, mais que tudo nesta vida!
Para o todo e sempre, eterno João Vicente, meu filho!


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