Resolvi 'repostar' este texto pois tem gente que disse que procurou, aqui no
blog, e não achou. Como eu não tenho uma ferramenta de busca de textos, resolvi
fazer isto. Atualizei o que escrevi num caderno de lembranças do meu Chá de
Fraldas que fiz em abril de 2007. Relato, na capa deste caderno como meu filho
veio ao mundo. Aliás, o caderninho com os lembretes, recordação de minha amigas
que compartilharam do chá, sumiu. Gente...foi um tal de 'escreve aqui', 'deixa
comigo que termino em casa' que, infelizmente, não sei mais com quem deixei ou
onde parou. Uma pena...mas este texto está no meu coração.
Fiz para meu filho entender o porquê veio ao mundo.
Fiz para meu filho entender o porquê veio ao mundo.
E o mais louco
foi que, quando escrevi este relato, previ o fim do meu relacionamento, pois
desde o começo eu sabia que algo 'muito além da vã filosofia que existe entre a
Terra e o Céu' tinha que acontecer. E aconteceu.
Para
você, meu filho...
Não importa se,
no futuro, não terei um conto de fadas com o teu papai . Para mim, o que importa
foi este histórico louco, do vai-vem de nossas vidas e que você, João Vicente,
representa para mim.
JOÃO
VICENTE
É meu filho!
Chegou a hora de falar o que há muitos anos pulsa em mim.
Relatar - e
confessar para ti - meu amado João Vicente, o quanto eu desejei a tua chegada em
minha vida.
Tudo começou,
lááááá na adolescência quando conheci uma linda menina de nome Sofia. Ali,
conclui que queria um dia, ser mãe. Tinha apenas 17 anos. Idade precoce para
idealizar a maternidade. Então, tua mãezinha foi se atarefando com outros
quesitos da vida: Estudou muito, respeitou a sua família (seus avós e tios), fez
muita festa e descobriu que amava a cultura africanista.
Praticou por sete
anos a capoeira e, somado aos ritmos percussionistas, conheceu o samba. Se
enfeitiçou de tal forma que, depois de graduada em Jornalismo resolveu mergulhar
neste mundo do samba portoalegrense.
O ano? 1999.
Não sabia que, na
terra dos pampas, existia uma comunidade com costumes e musicalidade do povo
carioca. O Rio de Janeiro era, de certa forma, representado por tribos
sambísticas daqui do Sul. Tudo aqui, na tua terra meu filho, Porto Alegre
capital que nascestes! Então, meu amor, tua mãezinha era uma aficcionada pelas
sons da percussão, mais precisamente, pelo pandeiro.
Foi aí que tua
mamãe começou, homeopaticamente, a tocar e freqüentar, de modo maroto e sadio,
as respeitosas rodas da velha guarda gaúcha.
Conheceu este
mundo e não largou mais.
E veio o ano de
2000.
Era um ano que
prometia várias mudanças sociais no país, meu filho enfim, no nosso Brasil. A
sociedade-principalmente a carioca, queria dar um basta na violência das ruas. O
povo pedia PAZ!!!
A noticia moveu
todas as regiões do país.
E, no mês de
julho, noticiou-se um movimento que pedia a paz. Aliado a estas notícias
nacionais, neste mesmo mês de julho, a tua mãe prestigiou o aniversário de uma
sambista muito pitoresca daqui, do Sul. Era o aniversário de sua amiga Anete,
apelidada por tua mãezinha de “Porta-Voz do Samba”!
A data da
festa?
Sete de julho de
2000.
Filho, era
justamente no dia em que o Brasil inteiro se mobilizava para dar um basta na
violência. O país pedia Paz, paz e mais paz... Todos os veículos de comunicação
pediam naquela noite, que nós, brasileiros e brasileiras, nos vestíssemos de
branco e acendendo uma vela branca nas janelas de nossas casas.
Era o protesto
que pedia PAZ NO MUNDO!
Fatos e datas
juntados à festa de aniversário deu nisto:
A maioria dos
convidados presentes estavam de branco no bar!
O cenário ficou
lindo.
O branco é a
união de todas as cores! O branco é vida meu filho, é
paz...
Tua mãezinha
estava faceira com tantos amigos à sua volta. Cantava e dançava o melhor do
samba.
E, num
determinado momento da festa, quando a música do Jorge Aragão tocava, tua mãe
deparou-se surpreendentemente com o teu pai.
Algo que nunca
saberei te explicar, meu filho. A mamãe levou um susto, do nada, olhando para
ele e ficou ali, no meio da pista, petrificada olhando para ele. Congelaram
movimentos e ficamos naquele ambiente dançante: dois seres parados, apenas se
olhando...enfim, se enamorando enquanto o povo dançava e cantava freneticamente.
Enquanto isto eu de um lado e o papai de outro....
Estávamos
estaqueados, imóveis.
Foi amor à
primeira vista, meu filho. Ou algo que vai muito além de nossas teorias... de
outras vidas...
Em seguida teu
pai pediu para dançar.
Sem hesitar,
dancei.
Conversas foram
trocadas, e a paixão tomou conta.
Tua mãe e teu pai
estavam, literalmente, envolvidos.
Veio o primeiro
beijo e uma despedida que, nem eu nem teu pai saberíamos a verdade do que o
destino nos reservava.
Era a despedida
de que teríamos que aprender, e
muito, com Deus.
Apareceram os
encontros, os desencontros e a pausa do destino.
Cada um foi para
o seu lado, na virada do ano novo; o ano de 2001. Ali houve uma pausa, do
destino fazendo que, tanto a tua mãezinha e o teu pai seguissem caminhos
diferentes.
Não era a nossa
hora.
Depois de anos...
um reencontro.
No começo achei
que não era coisa do destino.
Que Deus já havia
posto teu pai no meu caminho e que, naquele ano, não teria mais nada a tratar
com ele.
Estava
enganada.
Tua mãe não sabe
explicar o porquê.
Mas relutou em dar continuidade àquela história de
amor, que iniciou no dia da
paz...
Nada na Vida
acontece por acaso.
Nada se
programa.
Somos
pretensiosos em querer reger nossas vidas.
Esta é a lição
que a tua mãezinha aprendeu.
Deus soube a hora
certa, para declarar um marco na minha vida.
A “Mãe Natureza”
também é sábia e não se engana!
Em 2006, entre
acordes e melodias, entre beijos e loucuras veio a
surpresa:
Tu estavas
concebido e abençoado por Deus, no ventre da tua
mãe.
Foi uma surpresa!
Tanto que a tua
mãezinha se sentiu embriagada, confusa, com a
notícia.
Ninguém decide
nosso destino, meu filho!
Temos a benção
dos anjos, o aval da natureza e o registro de que Deus(somente Deus!) sabe a
exata hora de mudarmos nossas vidas.
Tu viestes para
ficar, para me dar muito felicidade, João Vicente!
Viestes para
preencher um vazio que cultivei desde a minha adolescência, ou melhor, desde
quando brincava com minhas bonecas, ainda menina, desejando um dia, ser
Mãe!
Hoje eu me
orgulho, e muito, de ti, meu adorável filho!
És
fruto de que nada é por acaso.
És a prova viva,
que correrá pelos corredores de minha casa, de que um dia o amor existiu, de
fato, na vida da tua mãe!
Te amo, meu
filho, mais que tudo nesta vida!
Para o todo e
sempre, eterno João Vicente, meu filho!
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